Luís Vaz de Camões nasceu por volta de
1525, possivelmente em Lisboa; entregou-se ainda jovem à redação de Os Lusíadas. Camões deve ter frequentado
a Universidade de Coimbra, embora não haja registro de sua passagem por lá. 
Ainda cedo acumulou erudição humanística
e científica. Tudo o que sabia envolvia a literatura e mitologia antigas,
história, geografia e astronomia, todavia, obviamente, seu forte era a poética
e retórica, além disso, conhecia muito sobre sentimentos humanos, conforme se
pode perceber tanto em sua produção épica quanto lírica.
Não se limitou somente à arte como um
todo, mas também se dedicou às armas, pois o ideal do cavalheiro renascentista
pressupunha a conciliação da pena com a espada, parte expressa em seu livro na
estrofe 79 do canto VII de Os Lusíadas:
“Numa mão sempre a espada e noutra a pena”. Por este motivo alistou-se no
exército e partiu para o norte da África, onde, em uma luta contra o povo
árabe, perdeu o olho direito. 
Após frequentar a corte de D. Manoel
como poeta palaciano, cuja função era divertir a nobreza com declamação de
versos e improvisos, embarcou para o Oriente onde viveu por quase vinte anos,
viajando à serviço do exército português. 
A ideia de escrever uma epopeia deve ter surgido na ida ao Oriente, em
1553, quando teve a oportunidade refazer o caminho aberto por Vasco da Gama, 55
anos antes.
Sabe-se que maior parte
do livro de Os Lusíadas foi escrita
em Goa e o resto foi composto ao longo da viagem. Depois de muitas aventuras,
guerras, prisões e um naufrágio retornou à Portugal em 1570, para então
arrematar a obra iniciada (“Os Lusíadas”)
e logo apresenta-la ao rei D. Sebastião (1554-1578). Depois de ouvi-lo
integralmente pelo poeta o rei permitiu a publicação em 1572, mas não por ter
visto em seu texto um valor artístico, mas talvez por julgá-lo útil na
divulgação dos feitos lusitanos no Oriente e na consolidação de seu propósito
de devastação do mundo árabe.
Após a edição de Os Lusíadas, o auxílio destinado a Camões
limitou-se à quantia de 15 mil-réis, que não lhe foi pago com regularidade,
assim Luís passou os anos mais degradantes de sua vida na miséria, porque na
opinião da corte, a maior obra de propagação política lusitana continuava sendo
as Décadas de João de Barros, que por
esta razão após a morte do pai passou a receber do Estado a quantia de 150
mil-réis anuais. Portanto, não foi à toa que Camões afirmou na estrofe 128 do
canto X sobre seu próprio destino: 
Naquele cuja lira sonorosa1
Será mais afamada que ditosa2
_______________________________________
Aquelle, cuja Lyra sonorosa
Sera mais affamada que ditosa
1 Harmoniosa, de
boa qualidade musical.     2 Feliz. 
Os últimos anos de
Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não
morreu de fome foi devido à solicitude de um escravo Jau, trazido da Índia, que
ia de noite, sem o poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia seguinte.
O certo é que morreu a 10 de junho de 1580, sendo o seu enterro feito a
expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Um
fidalgo letrado seu amigo mandou inscrever lhe na campa rasa um epitáfio
significativo: "Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo.
Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu." 
Se a escassez de
documentos e os registos autobiográficos da sua obra ajudaram a construir uma
imagem lendária de poeta miserável, exilado e infeliz no amor, que foi exaltada
pelos românticos (Camões, o poeta maldito, vítima do destino, incompreendido,
abandonado pelo amor e solitário), uma outra faceta ressalta da sua vida.
Camões terá sido de facto um homem determinado, humanista, pensador, viajado,
aventureiro, experiente, que se deslumbrou com a descoberta de novos mundos e
de "Outro ser civilizacional".
Por: Esther Almeida.
Fontes:
Págs.
25 a 30 – Os Lusíadas – Luís de Camões –
Apresentação e Notas por Ivan Teixeira. 6ª edição.


